sexta-feira, 5 de março de 2010

O Foto Clube Pará

O início da década de 60 no Brasil é marcado por fortes mudanças sociais e econômicas. A nova capital, gestada pelo presidente Juscelino Kubitschek colocou a nação na era do desenvolvimentismo e da indústria. A fotografia publicitária ganhava espaço cada vez maior e os foto clubes brasileiros mantinham fortes laços de correspondências com seus pares estrangeiros.

Foto: Chico Albuquerque. Campanha dos anos 50.

Nas duas décadas anteriores, a fotografia já se libertava da suas amarras pictorialistas, a prisão do retrato do real já havia se quebrado. O diálogo com a pintura de vanguarda era intenso: o abstracionismo, o surrealismo e as experimentações se fizeram muito presentes nos trabalhos de Thomas Farkas e German Lorca, para ficarmos apenas nos mais conhecidos.

Thomas Farkas, Telhas. 1947

German Lorca

A modernização dos correios e o intercâmbio de muitos fotógrafos possibilitaram neste período uma vigorosa troca de informações. Havia um ranking de cada foto clube, o paraense figurou em segundo lugar nacional nos final dos anos 50 e inicio dos 60. “Foi no foto clube que estes fotógrafos encontraram o espaço ideal para o debate que viria a estimular essa nova produção que se desenhava.” (Maneschy , Orlando. O corpo sutil das imagens . In Fotografia Contemporânea Paraense. Panorama 80/90. Belém : SECULT, 2002)

Gratuliano Bibas, João Rendeiro e José Góes se destacaram no foto Clube Pará. Ajudaram na produção de mostras nacionais na cidade como a “Primeira Mostra Fotográfica, de 20 de abril a 2 de maio de 1964; I Salão Paraense de Arte Fotográfica, maio de 1965; e o II Salão Paraense de Arte Fotográfica em setembro de 1966, ambos no Salão Nobre do Teatro da Paz” (Fernandes Júnior¸ Rubens. Militância política e dissonância poética. In Fotografia Contemporânea Paraense. Panorama 80/90. Belém : SECULT, 2002)



Fotos: Gratuliano Bibas


A experiência de manipular negativos, solarizar imagens, fazer um jogo de luz e sombra e a forte presença de geometria são marcas registradas desse período histórico na fotografia brasileira.

Michel Pinho


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