quarta-feira, 3 de junho de 2009

Fotografia: entre as paisagens efêmeras, a arte

Alberto Bitar abre hoje sua 4ª exposição individual, no Basa

Viajar de carro com a família, embora divertido, pode se tornar uma chateação quando se é criança. Quanto tempo falta para se avistar o mar? Os minutos viram horas e o relógio pára. Inventa-se sono, fome. A estrada parece não ter fim e tudo aparece pintado com as cores do tédio aos olhos da impaciência infantil. Na trajetória do fotógrafo Alberto Bitar, contudo, momentos como esse foram imprescindíveis para a formação do seu olhar como artista. Enquanto o pai dirigia e a mãe ocupava a poltrona do passageiro, ele absorvia, atento, cada detalhe da paisagem que passava veloz pela janela.


Alberto Bitar

A faixa branca tracejada que parecia contínua, as pessoas e bicicletas que se tornavam vultos e desapareciam na velocidade à margem da estrada. Imagens que passaram e se fixaram na memória do artista hoje compõem “Efêmera Paisagem”, quarta exposição individual de Bitar, que será aberta logo mais, às 18h, no Espaço Cultural do Basa, e permanece em cartaz até o dia 3 de julho. A exposição reúne fotografias e um vídeo de quatro minutos que são um retorno à infância. Prêmio Banco da Amazônia de Artes Visuais 2009, “Efêmera Paisagem” é composta por imagens captadas do interior de veículos em movimento, prática que Bitar desenvolve desde o início de sua carreira, em 1992.


Alberto Bitar

“Sempre me atraiu o movimento, a possibilidade da fotografia capturar em um único frame a somatória de vários instantes, o fluxo do tempo”, conta Alberto, que aponta essa como a principal característica de seu trabalho pessoal com fotografia, como nas séries “Fotografismo” (1995), “Hecate” (1997) e, mais recentemente, em “Passageiro”(2005). “Há pouco tempo percebi que fotografar de dentro de veículos acaba me transportando àquela época em que olhava pela janela do carro e percebia as alterações na paisagem provocadas pela velocidade, momento que, acredito, acabou sendo essencial pra formação do meu olhar”.

NOSTALGIA

A criação do vídeo “Efêmera Paisagem”, ainda inédito em Belém, foi o ponto de partida para a concepção da série fotográfica. Produzido com imagens P&B captadas quando o artista voltava do interior do Pará para Belém, em 2005, a obra foi selecionada pelo programa Rumos Artes Visuais 2008/2009, promovido pelo Itaú Cultural, e participa de exposições em São Paulo, Rio Branco, Salvador e Rio de Janeiro ainda neste ano. A trilha sonora do vídeo, idealizada por Leo Bitar - primo de Alberto e parceiro em tantos outros trabalhos - mistura som ambiente e música eletrônica e é crucial para a criação de uma atmosfera de nostalgia, saudade e memória.

O espectador é convidado a entrar no carro e também compartilhar a viagem, com os olhos atentos, debruçado nessa janela imaginária. “Este trabalho é sobretudo uma oportunidade de compartilhar com o artista a estética de uma subjetividade que pertence a ele, que criou as imagens, e ao outro que, inevitavelmente, também se percebe nessa efêmera paisagem. São registros tão íntimos que provocam um intenso diálogo com o público.

Tanto no vídeo quanto nas fotografias prevalecem a melancolia e a saudade – um sentimento de incompletude difícil de descrever – que o espectador acaba transportando para sua vivência pessoal em uma leitura rica, múltipla ”, avalia Marisa Mokarzel, curadora da mostra. SERVIÇO: Abertura da exposição “Efêmera Paisagem”, de Alberto Bitar.Hoje, às 18h, no Espaço Cultural do Banco da Amazônia (av. Presidente Vargas, 800). A mostra permanece em cartaz até 3 de julho. Visitação de segunda à sexta, das 9h às 17h. Informações e agendamento de visitas: (91) 4008-3334/3670. A entrada é franca.

Fonte: (Diário do Pará)

Michel Pinho.

Um comentário:

CreativeBlueVariedades disse...

Esta foto é nostalgica para mim pois lembrei do interior, gostaria de saber de que lugar é esta foto?